Essa noite faltou luz na minha rua e (acho) que no bairro todo. Fiquei tonto com a escuridão. Estava em meio a uma escovação dental frenética, com pressa pra ir deitar, já era hora. Mas naquela hora faltava algo, faltava luz. Ah, peguei um isqueirinho meu, que não funciona, mas tem uma lanterninha azul (muito eficiente por sinal), e fui pra janela espiar, pra ver se era só aqui em casa que acontecia o tal fenômeno. Fui até a sala, abri a janela, o que vejo? O céu. Caraca, o céu! Numa magnitude inexplicável, que não me deixou sair dali. Em meio à toda a escuridão da cidade, ele tava lá..imponente, esplêndido. Ele existe! Na sua mais ingênua forma de ser. Não sei, de certa forma ele me tocou. As estrelas que ali apareciam tinham vida. Todas cochichavam. Me diziam coisas que ninguém nunca disse. Tolice?! Não sei. Só sei que notei algo diferente. Vi por um segundo as coisas nuas, como elas deveriam ser. Despidas dessa caparaça que a gente insiste em usar. Que nos insistem em colocar. Confesso que fiquei esperando uma estrela cadente, daquelas que a gente vê em desenho, mas não foi desta vez. Queria fazer um pedido, ou melhor, três. Se bem que na verdade, penso que todo aquele céu é que fez um pedido pra mim, acho que foi isso que eu notei ali, naquela noite: apague a luz menino, apague a luz.
Ricardo.
4 comentários:
Melhor a luz apagada mesmo.
Pode acordar alguém.
e tu apagou a luz?
Três pedidos???
Nossa, um doce em troca de um desses pedidos!!!
Bjs,
Lari
toda eletricidade, em troca de uma fogueira ao luar...
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